quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnaval, entre dissolução e novidade: uma cartografia waratiana.



Por Marta Gama - 17/02/2015


O mapa é a representação de um todo estático que pretende revelar uma realidade física, palpável, verificável. Nesse sentido, busca estabelecer verdades, definir certezas. A cartografia, ao contrário, é um desenho que acompanha e se faz ao tempo dos movimentos de transformação da paisagem. Ela se constitui no próprio movimento, se compõe ao mesmo tempo em que o território vai se apresentando, e se desfaz. Cartografia como desenho do novo do desejo, que rompe e decreta obsoleto o imaginário vigente. Admite-se, por essa sorte, algo que sendo, nunca permanece, convidando sempre à resignificação.

Cristóvão Colombo possuía uma carta náutica, um astrolábio e navegava mirando as estrelas; nas noites escuras confiava na sua intuição de que encontraria terras nas quais se acreditava existir criaturas marinhas que devoravam os navegadores, no fim do mundo que então era quadrado. Apesar de valer-se de um mapa, construiu cartografias ao enfrentar o desejante, o desafio do novo.

Luis Alberto Warat tal como Colombo navegou por mares povoados por criaturas marinhas, monstros terríveis, misticismos que se pretendiam científicos e verdadeiros. Da mesma forma que Colombo deixou-se guiar pelas estrelas e nas noites de escuridão, confiava na sua intuição que, pouco a pouco, foi se tornando o guia. Os seus territórios desconhecidos foram guiando os passos que aos poucos se afastavam das certezas prontas do círculo analítico de Ambrósio Gioja.

Navegou nesses mares, premido pela necessidade de desmitificar as crenças e os estereótipos que orientam o mundo jurídico. Como cartógrafo tentou desmantelar certas condições de existência do discurso jurídico, elucidar sua perda de sentidos, buscando a criação de modos de expressão do desejo no direito. Certo é que, foram as suas as primeiras certezas abaladas, estranhadas, desconstruídas. O seu corpo implicado nessa vibração produtora do novo, acossada pelos estranhamentos que produzem rupturas.

Em meio a essa precariedade e a experiência dos seus deslocamentos constantes, é que lhes convido a experimentar a singularidade do modo como as forças de determinado contexto histórico atravessaram o seu corpo na construção dos seus devires no mundo, marcado pelo surrealismo e pela carnavalização. (...)

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